Redes Vidas Ativas

Como Anda
6 min readJul 6, 2021

No início de novembro de 2020, representantes do Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul (CELAFISCS), do Projeto Como Anda, do Fórum Verde Permanente de São Paulo, do Grupo de Trabalho de Políticas Públicas da Sociedade Brasileira de Atividade Física e Saúde (SBAFS) e da Rede Esporte pela Mudança Social (REMS) nos reunimos motivados pelo olhar atento da equipe do Programa de Desenvolvimento Humano pelo Esporte (PRODHE-CEPEUSP) às cartas e manifestos produzidos por estes coletivos como subsídio para as candidaturas às eleições municipais tratarem atividade física e cidades convidativas ao movimento como políticas prioritárias.

Conversamos com foco na troca de experiências sobre a construção de cada documento e em entender o que havia em comum — e também as complementaridades — além dos seus conteúdos. A primeira conversa foi totalmente despretensiosa para reconhecimento e, mesmo assim, profunda por mergulhar nos processos de cada coletivo, já gerar aprendizados relevantes e despertar o desejo de ir mais fundo no entendimento do que mais poderia nos conectar para pensarmos numa eventual estratégia para fortalecimento das ações de cada rede já constituída e amadurecer a possibilidade de atuação futura em conjunto.

Levantamos o ponto da intersetorialidade de políticas públicas e necessidade de atuação sistêmica, já uma recomendação da carta da OMS. Também as temáticas da obesidade e da crise climática, pautas com urgência acelerada devido à pandemia de Covid-19, junto com a saúde mental que já faz parte do debate quando se discute saúde integralmente. Foram trazidas ainda as questões mais amplas que podem ser trabalhadas de maneira sistêmica, como mobilidade ativa, esporte, atividade física e lazer e a reflexão bem relevante sobre como tornar perene a atuação robusta em ações e campanhas mais pontuais, como o Dia do Desafio, em que várias cidades pelo mundo são desafiadas a entrarem em movimento a partir dos registros dos seus habitantes. Tudo isso amarrado pela necessidade de se dar continuidade a iniciativas da sociedade civil para manter a pauta ativa e relevante, e em contraponto à descontinuidade crônica observada na gestão pública. Daí surgiu o embrião de pensamento de unificarmos os documentos para incidência coletiva junto às novas gestões municipais, aproveitando o momento de campanha eleitoral.

Deu pra perceber que este embrião foi gerado com bastante cuidado? Porque a conversa seguiu o caminho da convergência e atuação conjunta, mergulhando um pouquinho mais fundo na pauta da incidência e com o movimento mais direcionado nas temáticas que conectam o grupo e suas intersecções, nas experiências já vividas na formulação e implementação de políticas públicas e nos cuidados necessários para uma boa comunicação com o público que queremos alcançar, definindo gestores públicos como alvo. Em paralelo, também foi pensado um passo para abrir a rede a outras redes e pessoas movidas pelas mesmas inquietações e os mesmos desejos de ajudar a qualificar territórios que abracem e convidem modos de vida mais ativos.

A roda de conversa “O que nos conecta” aconteceu como primeira experiência de abertura para entendimento na prática do que vem junto com novas pessoas e redes. E foi formatada para nos conectarmos com as experiências da nossa jornada ativa para aflorar as memórias dos momentos significativos em que estávamos em movimento. Experiências que seriam aproveitadas numa discussão mais pragmática para formatar o documento unificado para despertar as novas gestões para nossa pauta, partindo da matriz dos “8 investimentos que funcionam pela atividade física” da ISPAH (International Society for Physical Activity and Health — Sociedade Internacional para Atividade Física e Saúde), uma referência entendida como simples, direta e com margem para a abordagem sistêmica que manteria a proposta original do grupo. O registro dessa conversa deliciosa, você pode ver na íntegra no canal do YouTube do Como Anda!

Toda a riqueza de pontos de vista e experiências coletados neste momento aberto e colaborativo foi consolidada na nossa carta para as novas gestões, um documento pensado e elaborado para ser simples, direto e despertar curiosidade e vontade de aprofundar a colaboração entre atores públicos e nossas redes. O documento foi encaminhado, numa primeira onda, a coletivos de vereadoras/es, prefeitas/os e secretárias/os e a secretarias estaduais atuantes nas frentes sinérgicas com nossas pautas, como Educação, Saúde, Esporte, Planejamento Urbano, Mobilidade Urbana e Transporte, destacando as mais evidentes. E, nos municípios, foi consenso deixar a divulgação e o contato com as administrações aos participantes das nossas redes que já incidem politicamente e tem contato e a confiança dos agentes locais, além de entenderem, só como quem já tem experiência acumulada pode entender, a melhor maneira de sensibilizar cada pessoa que ocupa um cargo-chave para olhar com cuidado e atenção para as demandas dos territórios propícios a vidas ativas.

É possível que você já tenha visto este convite por algum dos nossos canais de comunicação e, como esta é uma demanda perene e o protagonismo vem das pessoas e organizações atuantes em cada município, ele fica reforçado aqui se você quiser atuar de maneira mais ampla pela mobilidade a pé e baixar a carta (que incorpora as referências aos documentos que provocaram a nossa primeira conversa), adaptá-la aos contatos e à realidade da sua cidade e também convidar quem mais esteja nesta jornada com você a fazer parte deste movimento, deixando o registro para, quem sabe, encontrar novas parcerias. Esta planilha para registro de quem você contactou traz como bônus as oportunidades de atuação pela mobilidade a pé nos 49 municípios com representação de organizações mapeadas pelo Como Anda, a partir da análise dos planos de governo apresentados nas campanhas para as eleições municipais. E já pode garantir um começo de conversa aproveitando tanto as ações planejadas quanto demandas importantes que ficaram de fora destes planos iniciais.

Com esta abertura da sensibilização a partir da carta, veio a abertura dos nossos espaços de discussão com a vontade e até a necessidade de nos colocarmos como um coletivo com identidade única e identificável. Como uma pessoa ou grupo vai entender o que somos, queremos, propomos e fazemos se não contarmos toda a história da nossa reunião repetidamente? E ela é contada sempre e estamos cada vez mais afiadas/os em tratar os pontos-chave de maneira sucinta. Mas também temos vontade de oferecer mais espaços abertos para discussão daquelas pautas sistêmicas e outros temas que permitam a propagação da nossa atuação para que chegue em quem possa se interessar por fazer parte, do grupo ou da conversa. Sentimos que um nome para nos representar e apresentar seria um ganho e, após retomarmos as discussões sobre todo o movimento que nos conectou e reforçou a cola até aqui, o que cada coletivo traz para esta rede e representa e como queremos ser (re)conhecidos, foi liberada a fumacinha branca e somos a Redes Vidas Ativas. Plural por todas as conexões promoverem novas conexões e funcionam lindamente no seu escopo e como parte desta outra rede que reconhece todas e todos na sua individualidade e como parte do coletivo. E com abertura para quem receber o convite para se conectar também ter a tranquilidade de chegar, fazer parte da atividade escolhida, entender se faz sentido se conectar mais e caminhar junto, no seu ritmo.

Já promovemos outra conversa aberta como piloto de como gostaríamos de funcionar e convidar quem, junto com a mobilidade a pé, se interessa por atividade física e saúde, dar uma espiada e sentir se quer estar conosco. A estreia foi em muito alto estilo com uma apresentação do Leandro Garcia, que na Redes usa o chapéu do GT de Políticas Públicas da SBAFS, do tema mais apropriado para mais este começo de conversa que são os mapas sistêmicos. E fica aqui o convite para você acompanhar as atividades da Redes Vidas Ativas nas redes sociais do Como Anda para se deliciar com a apresentação do Leandro e participar das próximas conversas abertas, que acontecem na primeira quinta-feira de cada mês.

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