Brasil é destaque no 1º Fórum Latino-americano de Pedestres

Ao lado de caminhantes da Argentina, Colômbia, Equador, México e Venezuela, organizações brasileiras participaram intensamente desse marco para a mobilidade a pé latino-americana

Como Anda
4 min readNov 23, 2017
(Força caminhante, força latino-americana. Foto: Fundapeatón)

1º Foro Latinoamericano de Peatones — Medellín, 2017

O Fórum foi um passo histórico para as organizações latino-americanas que promovem mobilidade a pé. Organizado por Fundapeatón, ocorreu nos dias 27 e 28 de outubro de 2017 e reuniu inúmeros agentes de mobilidade humana, técnicos e tomadores de decisão, acadêmicos, coletivos de mobilidade sustentável entre outros.

Com uma programação diversa, o evento tratou diferentes frentes da mobilidade a pé como, por exemplo, a ressignificação do pedestre, a cultura do caminhar, linhas de mobilidade urbana integral e urbanismo com perspectiva de gênero, para citar alguns destaques. Todas elas a fim de evidenciar este olhar compartilhado entre as diversas realidades de suas cidades e abordagens de trabalho das organizações latino-americanas em prol de cidades mais humanas e caminháveis.

O fórum contou com a participação de consagradas referências internacionais no tema como Ole Thorson (Federação Internacional dos Pedestres) e Jim Walker (Walk21), contudo ficou evidente a potência dos ativismos, ciências e soluções que têm partido dos próprios latino-americanos para nossos contextos. Por essa razão, foi possível congregar toda essa irmandade da América Latina que potencializa ainda mais os movimentos em prol da mobilidade a pé em Argentina, Colômbia, Equador, México, Venezuela e, claro, aqui no Brasil, que mostrou sua energia em diferentes momentos e espaços.

O SampaPé tão logo desembarcou na Colômbia já estava aquecendo os pés antes do fórum. Realizou atividades levando o universo do caminhar a crianças de escolas públicas e, também, promoveu a exibição da web-série Pessoas ou Carros? (veja aqui) com uma discussão com as diferenças e semelhanças entre os países latino-americanos especialmente com respeito a suas ruas abertas ao lazer.

(Leticia Sabino [SampaPé] junto a Isabel Escobar [Equador] e Veronica Mansilla [Argentina]. Foto: Fundapeatón)

Iniciado o fórum, caminhantes do Brasil foram destaque em diversos momentos. Andrew Oliveira do projeto Como Anda e da Corrida Amiga integrou o painel de políticas públicas latinoamericanas em que foi convidado a apresentar os principais resultados do projeto, o plano de ação para a mobilidade a pé e quais são os próximos passos do Como Anda com o propósito de motivar organizações cidadãs e agentes públicos a realizarem ações similares.

(Projeto Como Anda em destaque. Foto: Leticia Sabino)

Nos painéis de perspectivas latino-americanas, Leticia Sabino enfatizou o projeto Sentindo nos Pés do SampaPé, no qual se levam “tomadoras/es de decisão para sentir como é o caminhar na cidade” e que pode ser replicado em outras cidades a fim de que políticas públicas e ações de técnicas/os de mobilidade urbana se sintam “nos sapatos dos pedestres”.

(Leticia Sabino apresentando Sentindo nos Pés. Foto: Fundapeatón)

Sentir e viver a cidades nos pés é algo que vivencia o heroico caminhante SuperAndo. Mas não somente ele, todas e todos os mais de 130.000.000 de caminhantes brasileiras/os que diariamente usam os pés para se deslocar, combinando com o transporte público coletivo ou andando exclusivamente a pé. No painel de perspectivas latino-americanas, SuperAndo destacou que caminhar na América Latina é um ato heróico cotidiano e que para superar as barreiras que lhes são colocadas, ativistas e organizações têm que estar cada vez mais unidas.

(Adelante Caminante de América Latina!. Foto: Leticia Sabino)

Essa revolução urbana vai muito além das questões e aspectos relativos à mobilidade urbana — é necessário olhar todo o conjunto de desigualdades que se manifesta em nossas cidades conforme suscitou a reflexão de Ana Carolina Nunes (Cidadeapé/SampaPé) que compôs o painel de Urbanismo com perspectiva de gênero.

(La revolución urbana será feminista…o no será!. Foto: Andrew Oliveira)

O 1º Fórum Latino-americano de Pedestres estabeleceu importantes parcerias com as universidades locais. Isso possibilitou atingir-se um público mais heterogêneo entre os quais boa parte não tinha contato com a temática de mobilidade urbana, especialmente mobilidade a pé. Nesse sentido, junto ao colombiano Jairo Pérez e ao brasileiro Lucas Bueno (Universidad Pontificia Bolivariana), Andrew Oliveira apresentou o contexto brasileiro de mobilidade a pé com base nos dados do Como Anda e a perspectiva de cidadania ativa trabalhada nas campanhas da Corrida Amiga na oficina Respeito ao Pedestre: estratégias de empoderamento cidadão em São Paulo e Medellín.

(Jovens, idosas, doutorandas, motociclistas, ciclistas, universitários: todas e todos caminhantes participando da oficina ‘’Respeito ao Pedestre: estratégias de empoderamento cidadão em São Paulo e Medellín’’)

O fórum representou um momento ímpar para diminuir a distância entre caminhantes que, dia após dia, transpiram para transformar as cidades e as pessoas latino-americanas. Mostrou toda a força de ativistas e organizações presentes em vários cantos de nosso continente e, sem dúvida, renova as energias para que todas e todos em suas missões cotidianas possam defender o modo a pé, a final “a pé também é transporte” ou “a pie también es transporte”! Vamos em frente!

(Publicação do Como Anda “Mobilidade a Pé: o Estado da Arte do Movimento no Brasil” rodando o mundo)

Agradecimentos especiais à Fundapeatón!

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