As desigualdades na mobilidade a pé contadas pelas iniciativas que fazem parte do Lab.MaP

Como Anda
2 min readApr 13, 2021

Em um dos encontros de acompanhamento e troca entre as equipes que participam do Lab.Map, tivemos uma contação de cenas/episódios que cada grupo ou convidado/a já presenciou relacionadas a desigualdades e mobilidade a pé. Tantas falas marcantes, que cabem no contexto de cada um e cada uma, e que apresentam ao mesmo tempo desafios e oportunidades similares. Como reflexo disso, tecemos uma relação entre as falas que resultaram no seguinte texto cooperativo.

O caminhar é livre, sem planejar, sem pensar.

O quanto a mobilidade a pé é interessante numa região diversificada e como ela pode ser injusta com as formas técnicas com as quais a analisamos. Nós éramos 6 mulheres pesquisadoras andando juntas na rua, e isso sempre chama a atenção. Encontramos outras 3 mulheres sentadas na calçada, eram 3 gerações que viviam o espaço público em formatos diferentes.

Ser mãe me fez ver como a cidade não é pensada para pedestres e pedestrinhos/as. Essa correria na cidade faz a criança perder o lúdico, e a criança brinca mesmo que seja numa calçada destruída e esburacada. Ao levar as crianças para caminhar, percebemos que as crianças trocaram o olhar pelo ver, por mais atenção ao espaço, precisamos pensar em novos ramos da arquitetura social e do caminhar com as crianças.

O maior obstáculo para a mobilidade ativa é a questão das calçadas, que são péssimas em quase todas as cidades, tanto das áreas mais periféricas quanto das mais centrais. Eu senti na pele o que é ser uma pessoa com necessidades especiais para caminhar, e todo mundo deveria ter o acesso a calçadas seguras.

Somos todos irmãos e a desigualdade está implícita em todos os lugares.

Mas tivemos vitória! Uma rua aberta como área de lazer, com muitos brinquedos e apoio aos grupos culturais locais. Isso é necessário para a gente espairecer e é legal ver a mudança de um beco/espaço e como as pessoas do bairro gostam dessa mudança, a arte transforma.

Os nossos projetos são uma ferramenta para empoderar as pessoas sobre as temáticas ocultas da mobilidade a pé. Muitos desafios são enfrentados nas calçadas, mas os caminhos nos trazem alegria, afeto e cuidado.

O caminhante é aquele que se deixa afetar pelo espaço e pelas pessoas.

Desejamos que essa teia de cenários e acontecimentos nos guie e continue nos motivando a atuar pela mobilidade a pé no nosso país, com um olhar crítico e ao mesmo tempo sensível às emoções que reverberam no ato de caminhar.

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